domingo, 12 de junho de 2011

UM COMENTÁRIO DO PADRE JOAQUIM BERNARDES A NADA MAIS E O CIÚME

«Existem, em Portugal, neste momento, muitos escritores maiores.
»Os meus dois escritores portugueses predilectos de hoje, com alguma subjectividade contida, certamente, num juízo deste tipo, não poderiam ser mais antitéticos.
»Um deles é Gonçalo M. Tavares. M. Tavares é agora um escritor reconhecido e premiado, porventura o único capaz de viver unicamente do seu labor literário, traduzido em muitas línguas, expandido-se por géneros diversos, do romance à poesia ou ao conto, inovando sempre, acertando sempre no inesperado, rearranjando e confundindo os modelos, experimentando a mão esquerda, quando a direita principia a ganhar tiques e seguir rotinas.
O outro é, como o próprio gosta de dizer de si, um cisne negro: desconhecido, sem prémios, sem editora nem distribuidora, nem entrevistas senão as que ele mesmo, esforçada e artesanalmente, dá a "entrevistadores" amigos e anónimos, e com a maior parte da sua obra permanecendo inédita. Chama-se Gil Duarte e, com a excepção já referida de Gonçalo Tavares, não conheço nenhum outro que alie assim a cultura e a elegância de estilo, ao ritmo quase alucinante da história. Dir-se-ia que o facto de Gil Duarte (na verdade, José Pacheco) ser neto de um saudoso amigo meu, tem alguma coisa que ver com o meu encantamento. Não creio. Os raros e privilegiados leitores que tiveram oportunidade de ler o seu único romance publicado, uma perturbadora estória intitulada Nada Mais e o Ciúme, sabem a que me refiro. A intensidade dos sentimentos que se não compreendem mutuamente, a beleza de toda a escrita que, em certas páginas, atinge o ar de montanha que é próprio dos cumes da literatura portuguesa, ou a incómoda ironia latente nas observações do narrador fazem deste único livro, escrito e publicado por Gil Duarte, um momento único - e, na minha óptica, incompreendido e desprezado por aqueles potenciais leitores que, passando-lhe mesmo ao lado, se desviam com um desinteresse e uma indiferença que resume o funcionamento do leitor português, pouco criativo e com pouco iniciativa, à espera de indiscutíveis referências que sinalizem, sem incertezas, o caminho para o que "merece ser lido" -, uma obra maior da literatura contemporânea portuguesa, menormente recebida.
»O romance de Gil Duarte de que mais gosto, contudo, é um romance que possivelmente ele nem terá coragem de publicar. Li-o duas vezes, percebo o seu medo. Talvez um dia o veja nas livrarias, mas desconfio da inércia do leitor português.
»Entretanto, é claro, Nada Mais e o Ciúme anda por aí. Imenso, magnífico: faz-me impressão que as pessoas não façam a mínima ideia do que andam a perder...»

Padre Joaquim Bernardes

quinta-feira, 31 de março de 2011

Divulgação

Inauguro aqui um blogue única, total e exclusivamente dedicado à divulgação do meu romance, Nada Mais e o Ciúme. Vamos lá ver!